Diário de Viagem - Morando na Itália

20/05/2013 - 21:13 - Siena, Itália

Quero uma espécie de ano sabático, ou quem sabe até dois. Posso pôr isso como um objetivo da minha vida, juntar dinheiro ou conseguir um meio de me sustentar por esse período de tempo viajando e vivendo por aí. Um período em que vou andar sempre atrás do verão e fugindo do inverno. Com o objetivo de desenvolver o ócio criativo, buscar fazer tudo o que mais gosto, viver intensamente sozinha e acompanhada de pessoas diferentes, me descobrir um pouco, acumular experiências e, quem sabe, escrever um livro.

Eu não ia mais tomar café. Eu não pretendia tomar café hoje. Ontem tive vontade de sair de tomar café e não fui. Mas... Não tenho o controle sobre a minha vida, ela tem o controle sobre mim. Fomos comer um docinho depois do almoço - eu e o José, ele diz que eu sou a má influência dele e o levo para o mundo da gordice xP. Pedimos um doce cada um, a senhora que trabalha no 'forno' nos deu o doce e disse: "Café ou cappuccino?", respondemos: "Não, obrigado\a, só o doce.", e ela: "Está incluído  no preço do doce, é um euro pelos dois.". Vai me dizer que eu podia não tomar um cappuccino?! Claro que não! Eu não tinha escolha. La vita è così... Fiquei com medo de ter aquela azia chata, mas , felizmente, não aconteceu, o máximo que tive foi um pouco de desconforto por comer demais - pois comi na mensa e quando como  lá sempre como muito. Nesse âmbito alimentício da minha vida na Itália tenho sido movida muito mais por vontade do que por necessidade. Agora, vou contar uma coisa, sinto que escrevo mais quando tomo café, em certa medida o café é uma droga que me deixa mais produtiva... além de mais agitada, elétrica e meio maluca. Pelo menos não coloco mais açúcar - e ensinei o José a fazer o mesmo -, para compensar o doce com creme e chocolate que comi junto.

Tem uma pergunta que praticamente todos os italianos me fizeram: "Come mai sei venuta a studiare in Italia?". 'Come mai?' é tipo 'Como assim??', mas talvez com uma conotação um pouco mais leve, mais próximo de um simples 'Por que?'. Enfim, todo mundo me pergunta isso e eu não tenho uma resposta muito interessante para dar. Não tenho família nem descendência, não tenho nenhuma história de vida muito impressionante que contenha a Itália - no máximo posso dizer que já tinha a vontade de conhecer e também por ter feito arquitetura, mas na verdade tenho vontade de conhecer o mundo inteiro.... A questão é que a minha vinda para a Itália foi meio que por acaso, meio que deixei a vida me levar e escolher por mim. Meio. Que eu queria fazer um intercâmbio era já certo, mas onde... é muito difícil de escolher, não conheço lugar nenhum e quero conhecer todos. Por conta disso tentei escolher baseada em termos de facilidade, principalmente monetária - não escolheria uma cidade cara como Paris, buscaria sempre lugares onde poderia ficar em alojamento, etc. -, no fim das contas escolhi Espanha como primeira opção, Itália como segunda e Suécia ( vai entender... ) como terceira. Como meu CR não é lá essas maravilhas eu acabei não conseguindo ir para a minha primeira opção ( Espanha é um lugar muito concorrido, talvez pelo idioma ), vim parar na Itália. E, na realidade, eu deveria ter ido para Pescara, mas a comunicação entre a universidade de lá e a UFF não estava muito boa e o pessoal da DRI me disse que seria mais fácil vir para Siena e me perguntou se eu queria - mas claro! Eu não poderia estar mais feliz com todos os acontecimentos ( mentira, não posso dizer isso, não tem como saber haha ) e morar aqui é quase como ter ido fazer intercâmbio na Espanha com a quantidade de espanhóis que fazem intercâmbio aqui. Uma coisa muito engraçada foi a sucessão de acontecimentos italianísticos depois que eu fui aceita para vir estudar aqui. Comecei a fazer curso de italiano para não chegar aqui sem entender bulhufas e me dei super bem com a turma, a professora - tia Laura! - era ótima e virou nossa amiga, fizemos muitas coisas juntos - incluindo um jantar italiano -, comecei a conhecer vários italianos no Brasil.... O tipo de coisa que faz você acreditar em algo como um destino ou um "nada acontece por acaso". Sem contar com tudo de bom que está sendo a experiência de viver aqui... Bem, eu comecei a escrever sobre isso para falar que, hoje, um professor meu - o mesmo para quem eu entreguei a minha tesina semana passada - veio me fazer essa mesma pergunta que fazem todos os italianos - agora não me lembro se ele usou "Come mai?" porque não lembro se ele perguntou em inglês ou em italiano. Ele veio atrás de mim depois da aula e me perguntou, eu respondi e fiquei com vontade de perguntar o porque da curiosidade, mas ele demonstrava vontade de ir embora e eu não perguntei, o que é uma coisa nova da Itália para mim, normalmente eu tenho vontade de perguntar o porque da pergunta das pessoas, aqui eu tento segurar esse impulso em muitas das vezes; acontece que nesse caso de hoje eu queria mesmo saber porque ele me fez essa pergunta assim meio que do nada, já no final do semestre letivo, uma semana depois da entrega do trabalho.... O.O

Para concluir... estou mais ou menos na metade do meu intercâmbio e já tenho certeza de que vou morrer de saudades de tudo e de todos. 

Comentários

  1. Quem sabe ele gostou muito do teu trabalho e ía te oferecer uma oportunidade de ficar por aí...
    :)

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