Diário de Viagem - Morando na Itália

29/05/2013 - 01:41 - Siena, Itália

Bem. Agora tenho pontos e vírgulas. E tenho acentos também. E todas as teclas estão em seus lugares corretos. Agora estou em casa, mas ainda não estou. Minha casa é aquela no Brasil né... Mas também é essa aqui. E também é todo pedacinho de Roma onde pude colocar meus pés, e onde conheci tantas pessoas que me fazem já falta mesmo convivendo por tão poucos dias comigo. Se a nossa casa é onde a gente se sente bem, a minha casa é o mundo todo. E a minha família é todo mundo.

Eu nem sei por onde começar a escrever sobre Roma... Tem tantas coisas que eu quero contar que não vou ser capaz de colocar tudo aqui... Até porque tenho uma preguiça grandona e também estou fazendo cinco milhões novecentas mil e trinta e sete coisas nesses dias. Mas eu vou tentar.

Cheguei ontem em Siena, depois de uma viagem de umas 3 horas. Foi um pouco mais tranquilo que a ida, em relação a trânsito. Mas teve um momento em que uma mulher começou a gritar lá atrás e foi andando e gritando até chegar ao motorista dizendo que não aguentava mais a catinga que estava la atrás e que estava grávida e que não podia viajar assim, que as pessoas tinham tirado os sapatos e que estava um cheiro horrível. Eu comecei a gargalhar baixinho - para não ser mal educada - e não pude mais dormir, até porque estávamos já quase em casa. Roma foi uma experiência maravilhosa, e eu estava - estou - muito feliz.

Roma é o caos. Mas aquele caos que todo mundo deseja para a própria vida, por 2 horas ou por 20 anos. Aquele caos necessário para que possamos alcançar certa paz dentro de nós mesmos. Um caos que adiciona, que traz sabedoria. Eu vivi esse caos de maneira caótica. Trocamos de quarto duas vezes em cinco dias; saímos algumas vezes sem rumo para conhecer a cidade; conhecemos muita gente; falei tantos idiomas e escutei ainda mais; ficamos sem água quente; pegamos ônibus lotados; falei com desconhecidos no metro... Até o tempo era caótico, não se decidia entre o frio com chuva ou o calor com sol.

No primeiro dia eu já contei que cheguei só com o Guillermo e demos uma passeada pela cidade sem muito destino e sem muito compromisso, pensando que deveríamos fazer tudo de novo depois que o Rafael chegasse. Contei que o albergue não era tão ruim quanto eu esperava e agora posso já dizer que, na verdade, o albergue era uma porcaria. xD Os quartos eram bem mais ou menos; as camas não eram horríveis, mas algumas tinham plástico envolvendo o colchão e faziam barulho quando a gente se movia; era perto de uma via movimentada e bem barulhento; a limpeza era bem precária; ficamos quase dois dias sem água quente - fazendo o Guillermo cantar quando tomava banho porque aparentemente assim ele não morre de frio; sem armários para guardar as coisas; não oferecia toalha e nem café da manhã. Apesar disso, eu estou muito satisfeita de ter ficado ali. As pessoas que trabalham lá são muito simpáticas e disponíveis, a localização é muito boa e eu conheci muita gente interessante - alguns com os quais saímos juntos algumas vezes; o fato de ter cozinha, uma 'sala de convivência' e computadores com internet também me agradou. Eu falei também das pessoas que conheci nesse primeiro dia, mas depois faço uma lista de todas elas com suas características hauihaiuha. Falei que tinha um bar brasileiro - do qual não gostei muito... O DJ não era brasileiro, não tocava música brasileira, a música era bem ruizinha, era tudo meio caro, a caipirinha não era boa...

As publicações aqui tem sido assim... Duram até quanto dura minha empolgação para escrever, então não consigo nunca terminar o que estou contando... Vou falar de Roma por mais um mês.

Hoje tentei dar uma amenizada nas coisas que ficaram sem cuidado porque eu estava viajando. Tomei um banho decente. Refiz minhas contas porque gastei bem mais do que deveria. E fui passear com o Rafael pela cidade para mostrar um pouco do lugar onde eu moro. Entrei pela primeira vez no Duomo de Siena - que é uma catedral onde se deve pagar para entrar, uma igreja totalmente transformada em atração turística ( o que eu acho que é uma tendência mundial ). Comemos um panino em um balcão em cima da Piazza del Campo, fomos na Fortezza, no Orto dei Tolomei, na minha faculdade... Mostrei basicamente as coisas que levei uns dois meses para conhecer. Depois nos encontramos com a Malu, a Maria, o Guillermo, o José Luis - que nos prometeu que o jantar mexicano vai acontecer essa sexta feira ( e se acontecer mesmo cai um dilúvio que nem aquele do Noé ) -, o Per, um menino Croata que conhecemos hoje e basta. Fomos comer uma pizza e tomar uma cerveja na Piazza e depois fomos para o Belavista beber e bater um papão. Voltamos cedo para casa porque está todo mundo cansado e amanhã tem aula e a apresentação do meu trabalho.

Hoje eu vi uma notícia dizendo que esse ano não teremos verão na Europa Ocidental. E agora estou pensando em voltar para o Brasil mais cedo porque nosso inverno é bem mais quentinho que essa primavera chuvosa daqui. Quase chorei de tristeza... A minha esperança era que voltasse o sol e tudo ficasse quente e bom. Eu não aguento mais usar casaco! Diz a notícia que será o verão mais frio e molhado em 200 anos. Eu ainda não comprei um guarda-chuva e estou levando água na cabeça...

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