Je suis venue dans la ville de l'amour pour perdre le mien

E todo mundo sempre sabia que ele tinha ido embora quando sentia o cheiro de bolo saindo do forno. Era aquele o ritual. O sentimento de tristeza e vazio que a invadia naqueles momentos era transformado em alegria e satisfação das pessoas que comiam os bolos que ela fazia. E ela gostava daquilo. Na cabeça dela a energia era transformada daquela maneira. Como se os sorrisos de quem dizia "Oba! Tem bolo!" preenchessem aquele vazio e a fizessem sorrir. Era a sua adorada terapia da cozinha. Já sabia o que fazer quando acordava triste ou se sentia um pouco decepcionada, ou desgastada. Cozinhar era algo que trazia de volta um sentido para a vida, e era uma coisa que ela tinha escolhido acreditar que sabia fazer. Isso também trazia um certo conforto. Quando tudo parecia estar fora do lugar, ao menos os ingredientes poderiam ser misturados de uma forma justa para tornarem-se uma coisa boa.

É estranha a relação entre os nossos pensamentos e os sentimentos. Em certos momentos pensar muito em algo faz brotar sentimentos ruins que só vão embora se a gente se forçar a pensar mais ainda. E, pensando, a gente tenta definir o que é certo naquele momento, e isso é sempre difícil para mim. No fim das contas o mais fácil é esquecer o que faz eu me sentir mal e mudar a rota da estrada aproveitando tudo o que tem de bom ao alcance das minha mãos. Vem também aquela ideia de que preciso aprender sempre, então eu procuro guardar as informações principais que podem me ajudar, no futuro, a lidar melhor com a vida, fazendo sempre boas escolhas. Nem sempre esses pensamentos e sentimentos aparecem por conta de erros cometidos ( se eu pensar no clássico "aprenda com os próprios erros" ). Tenho, ainda, dificuldade de definir o que é um erro. Talvez seja mais exato dizer "aprenda com as situações". Ações e reações minhas e dos outros... Sei lá... Mas procurar o lado bom. Já fui melhor nisso... Todo mundo tem um lado bom, e tem seus defeitos também. E eu também. E tem gente por aí que me atura um pouquinho.

Em algo eu acho que eu evolui. Sempre me afetou muito as coisas não acontecerem da maneira como eu esperava. Combinar algo com alguém e essa pessoa "me deixar na mão", por exemplo. Ou pensar que a pessoa tinha entendido a situação como eu. Ou esperar alguém estar tão preocupado com algo como eu. Essas coisas... Hoje em dia lido muito melhor com isso. É mais fácil para mim mudar meus planos e não ficar tão decepcionada com expectativas frustadas. É escolher estar bem e se focar no lado bom das coisas. Perdoar as pessoas dentro da nossa cabeça, porque só ali elas fizeram algo "errado".

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