Diário de Viagem . Me aventurando na Nova Zelândia

Auckland, 20 de Novembro de 2019.

19:15 horas

Os últimos três dias.

Segunda-feira.

Eu não lembro de nada relevante para contar sobre a segunda-feira.

Terca-feira.

22:00 horas

Hoje resolvemos aproveitar o dia que estava meio de sol e meio de nuvens para caminhar até o museu de guerra de Auckland. Esse é outro lugar que podemos visitar de graça por sermos residentes. Ser residente no meu caso é ter uma carteirinha da biblioteca para apresentar.
No caminho para o museu eu resolvi conferir se eu preciso de visto para viajar como turista para a Autrália. Eu já tinha pensando em fazer isso muito tempo antes, claro, mas eu sempre esquecia por algum motivo. Eu vou te pedir um favor. Leia com muita atenção as próximas linhas e prometa para você mesmo que você nunca vai cometer os mesmos erros ridículos que eu tenho cometido nesses últimos dias. Já te ensinei antes a nunca perder o seu passaporte, não é mesmo? Agora te ensino a sempre, repito, SEMPRE, conferir a necessidade de um visto antes de comprar a passagem para um país para onde nunca tenha viajado antes. Eu não sei qual é o meu problema ultimamente. Eu viajo faz mais de dez anos para tudo que é canto do mundo e nada disso nunca tinha acontecido comigo antes. Eu me senti a pessoa mais burra da face da terra quando eu vi que tem um processo enfadonho só para que eu possa passar duas semanas visitando uma amiga na Austrália. E eu tinha menos de três dias até o dia em que estava planejando fazer a minha viagem. O prazo para que a imigração australiana conceda (ou não) o visto é entre 19 e 36 dias. Eu fiquei arrasada. E claro que no final vou ter que gastar mais dinheiro do que eu planejava já que além de pagar a taxa de 145 dólares australianos para que eles decidam se vão com a minha cara ou não, vou ter que pagar a taxa para alterar as datas dos meus vôos. Desisti de ir ao museu e voltei para casa para iniciar o tal do processo porque ainda quero ir a Austrália de qualquer maneira. Uma parte de mim também gosta de acreditar em milagres e quer ter esperança de que eles vão me dar uma resposta em dois dias e eu vou poder viajar nas datas originais.
A verdade é que eu quase nunca preciso de visto para entrar nos países como turista. Eu só me lembro de tirar visto antes de viajar quando fui estudar na Itália e na Noruega e quando fui como turista para Uganda. Estou muito mal acostumada com as boas relações diplomáticas do brasil com a maioria das países. Agora acho que os Australianos tem medo de ser invadidos por zilhões de brasileiros buscando um país que pague um salário decente. Eu sinto meu orgulho agredido nessas situações, empino meu nariz e falo para mim mesma "eu também nem quero ir morar nesse seu paizinho aí!". Mas ao mesmo tempo eu pago as taxas e envio tudo que é documento que eles pedem e espero que me julguem merecedora de pisar em seu território tão precioso.
Eu acho um saco essa história de fronteiras e de controle de fronteiras. Hoje mesmo fomos ao Mundolingo e conheci uma menina iraniana que está morando aqui na Nova Zelândia faz cinco anos e mal pode esperar para conseguir o passaporte neozelandês para que ela não tenha mais problemas quando decidir viajar por aí. 
Mundolingo é uma espécie de organização que organiza eventos em cidades no mundo inteiro para reunir locais e estrangeiros em um ambiente casual, normalmente um bar, para que as pessoas se conheçam e pratiquem diferentes idiomas. O inglês acaba dominando, mas já troquei umas palavras em italiano e em espanhol em alguns desses eventos. Fomos no encontro que acontece toda semana aqui em Auckland com a intenção muito mais de fazer amigos do que de praticar idiomas. Eu já tinha ido a um encontro desse mesmo grupo em Oslo e o Nebojsa e eu fomos duas vezes no encontro do Rio. O legal é que eles têm bandeiras de todos os países em forma de adesivo para que você cole na sua roupa e daí todo mundo sabe de onde você é e que idiomas você fala. Isso ajuda a quebrar o gelo e pode ser usado para começar uma conversa. Normalmente eu colo os adesivos na minha blusa na ordem de fluência começando pelo melhor em cima e descendo até o pior. Fica a bandeira do Brasil lá em cima, logo abaixo a bandeira dos EUA (aqui usei a bandeira da Nova Zelândia para simbolizar o inglês), daí vem a bandeira da Itália e logo depois a bandeira da Espanha. Quando estou me sentindo mais ousada coloco a bandeira da Noruega por último, mas aqui nem tinha nenhum norueguês para tentar conversar sobre pizza ou pão, que são os tópicos sobre os quais consigo falar em norueguês.
Conversei com muitas pessoas durante a noite. Peguei o contato de uma menina do Taiwan para que a gente possa se encontrar para conversar depois. Ela disse que eu deveria tirar uma certificação internacional para ensinar inglês em qualquer lugar do mundo. Não vou dizer que não estou interessada. Não posso dispensar facilmente possibilidades de ganhar dinheiro. Quero conversar mais com ela para que ela me conte sobre as experiências dela e me dê dicas e tal. Ela dá aulas de inglês aqui e também já trabalhou como professora na Austrália e em algum país na Europa que já não me lembro o nome.
Entre as muitas outras pessoas com quem conversei estava também um iraniano chamado Daniel. Está na Nova Zelândia estudando o Phd dele em sociologia do transporte. Ele tinha um machucado no nariz e um band aid colado na parte de cima da bochecha esquerda. Ele me contou a história emocionante de como se machucou. Ele me contou a história assim:

"Eu estava andando de scooter. Eu estava feliz. Eu escutei um barulho, "BUM!". Eu voei. A felicidade foi diminuindo a medida que eu me aproximava do chão.

Se tiver interesse no Mundolingo dá uma olhada no site deles: https://mundolingo.org/

Quarta-Feira.

09:55 horas

Eu acho que não é uma coisa só minha. As pessoas enchem o saco de usar tantas roupas. Como estamos teoricamente na primavera por aqui, basta que as pessoas vejam um sol que já se vestem de maneira mais leve. Agora a pouco onde eu estava esperando o sinal para atravessar a rua tinha uma menina vestindo leggings e uma blusa sem manga. Ela tinha os braços todos arrepiados. Com frio, mas se recusando a usar casaco em um dia primaveril de sol. Hoje está sol e está chovendo ao mesmo tempo. A previsão do tempo promete 19 graus, mas o vento gelado não nos abandona. Optei pelo conforto e saí de casa com a minha jaqueta impermeável.

11:47 horas

É muito estranho começar o dia com uma sessão de cinema. Normalmente quando vou ao cinema vou no final do dia e agora tenho a sensação de que deveria ir para casa jantar e dormir quando na verdade não são nem meio dia e ainda tenho um monte de coisas para fazer.
A Karina tinha me falado do Academy Cinemas aqui em Auckland. É um cinema que fica no prédio da biblioteca do centro, mas não sei se tem alguma ligação com a biblioteca. Todas as quartas-feiras esse cinema exibe filmes por cinco dólares, que é um terço do preço em dias comuns. Óbvio que desde o primeiro dia em que cheguei aqui comecei a futucar o site do tal cinema para ver quais filmes eu poderia ir ver. Eu amo cinema! Hoje eles tinham uma sessão às dez e meia da manhã com o filme Joker. Foi muito conveniente para que pudéssemos ir juntos, já que o Nebojsa normalmente tem que trabalhar quando tem filmes passando na quarta-feira. Resolvemos fazer esse programinha de velhos então. Velhos pobres né, que aproveitam o dia em o ingresso está mais barato. Acordamos cedo, comemos algo e fomos. Não tinha mais café em casa então compramos no cinema e assistimos ao filme tomando café.
Gostamos muito do cinema e gostamos muito do filme. Eu sei que em muitas quartas-feiras eu vou estar lá vendo um filme novo.

20:26 horas

Para terminar vou deixar vocês com a vista de agora aqui da varanda. Claro que a foto não mostra dez por cento do quanto o céu está bonito.



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