Diário de viagem - Me aventurando na Nova Zelândia

Auckland, 12 de Novembro de 2019.

18:15 horas

Hoje é terça-feira, mas parece domingo. Os dias ficam meio confusos para mim porque a pessoa que trabalha fora aqui em casa, o Nebojsa, normalmente trabalha de quarta à sábado. Então de domingo à terça é o nosso fim de semana. Hoje amanheceu um dia chuvoso e frio, bem clima de preguica, isso também trouxe a sensação domingueira. Fiquei na cama um tempão porque estava quentinho e a minha aluna cancelou a aula que eu daria hoje me permitindo prolongar o meu despertar. Não temos praticamente móveis na sala, se eu tivesse um sofá me mudaria da cama para ele com uma coberta e começaria o meu dia assim, mas já que não temos fiquei na cama mesmo. Depois de muito tempo curtindo o calor fofinho do meu ninho de dormir me levantei para enfrentar o dia. Tentei saborear cada coisa prazerosa vagarosamente para compensar pelas coisas desagradáveis. Comi deliciosas torradas com abacate e ovos fritos no café da manhã, acompanhadas de café fresquinho (embora quente). Apreciei cada mordida permitindo que a onda de bem estar que dali provinha percorresse todo o meu corpo. Recebi o email da embaixada me informando o valor da taxa consular para a emissão do meu novo passaporte e a conta para onde deveria transferir o dinheiro. 216 dólares neozelandeses, caí para trás, 600 reais por um passaporte. Faça um favor para si mesmo e nunca perca o seu passaporte.

Eu queria contar um pouco sobre aquela experiência nossa com a questão da internet. Falei antes que tínhamos pensado em não instalar internet em casa porque não iria valer a pena e queríamos tentar usar somente a internet dos nossos planos de celular. Eu quero falar sobre essa experiência porque gastei toda a minha internet do plano no segundo dia. Meu cérebro não conseguiu entender até agora todas as coisas que eu tinha acesso tão facilmente por estar conectada a uma rede de WIFI dentro de casa. Eu precisava de música para um dia de faxina e coloquei para tocar no Spotify uma lista que não estava salva no meu celular. Depois de mais ou menos umas duas horas de streaming minha internet acabou. Eu não conectei uma coisa a outra e só percebi o meu erro quando a música parou e eu fui ver qual era o problema. Depois desse incidente comecei a perceber quantas coisas estamos acostumados a ter conectadas à internet. Um dia desses estávamos voltando para casa e pensamos em assistir a um filme no Netflix até que nos lembramos que não tinha WIFI para assistir algo. O Nebojsa queria comprar um livro no Kindle dele e levou um choque ao perceber que o Kindle não compra nada se não estiver conectado a uma rede. Enfim, estamos aprendendo muitas coisas nessa nova realidade. Agora quando tenho a oportunidade baixo listas de música no Spotify e filmes no Netflix. Temos duas horas gratuitas por dia de internet ilimitada no celular e hoje estou usando essas horas para baixar filmes e trabalhar. A minha sorte em relação à internet que gastei toda é que o Nebojsa tinha muita internet acumulada no celular dele e a nossa operadora permite transferir internet de um número para outro, então não estou desconectada do mundo virtual. Mas estou sendo muito mais consciente do meu uso de internet. Pode ser que com umas pequenas adaptações nem sintamos mais falta da rede em casa.

Eu ia contar também sobre as minhas primeiras impressões sobre Auckland.  Para isso eu vou fazer uma pequena viagem no tempo.

Auckland, 29 de Outubro de 2019.

Cheguei no aeroporto de Auckland por volta das cinco da manhã do dia 29 de Outubro, por volta da uma da tarde do dia 28 no Brasil. Peguei minhas malas, passei por todos os controles e me dirigi a saída do desembarque. Não tinha ninguém lá me esperando com flores e um abraço de saudades, Nebojsa estava atrasado. A vida raramente é como nos filmes e a gente tem se cuidar para não acabar frustrado se deixando abalar. Eram cinco da manhã afinal de contas e a pessoas estava vindo ao aeroporto de transporte público para me buscar. Ele chegou depois de uns minutos e o abraço finalmente aconteceu. Saímos e nos dirigimos ao ponto do ônibus que nos levaria até a estação do trem que nos levaria então até o centro da cidade. Uma coisa que chamou a minha atenção na estação de trem e que já tinha me chamado a atenção no avião na vinda até a Nova Zelândia foi uma sensação de que as pessoas aqui tem uma obsessão por advertências sobre tudo toda hora de maneira muito clara. No avião me incomodou que toda hora o meu filme era interrompido por algum aviso. E acho que foi a primeira vez na vida em que fui advertida a manter meus dedos e o de minhas crianças longe das partes móveis do assento.

Assim que chegamos no centro eu senti que estava em uma cidade de mentirinha. O centro de Auckland é tão pequenininho aos olhos de uma pessoas que acabou de chegar do Rio de Janeiro que parecia que eu estava em uma cidade de bonecas. Não tem muitos prédios altos aqui, nem avenidas largas e as ruas são tão organizadinhas, não parece de verdade. É uma cidade grande pequenininha. Tem moradores de rua, bêbados e loucos. Tem lojas de todos os tipos, prédios de escritórios, muitos restaurantes e cafés. Tem um bom fluxo de carros e pessoas. Mas é tão tiquitito.

Outra coisa que chama atenção desde o início é a grande influência asiática. Quando você pensa em ir para a Nova Zelândia você não pensa em ver oitenta por cento das pessoas na rua de pele branca, cabelos pretos lisos e olhos puxados. Poderia ser o Japão, poderia ser a China, poderia ser a Coreia... É a Nova Zelândia. Além disso, a quantidade de restaurantes chineses, japoneses, taiwaneses, coreanos, indianos é enorme. Não acho que exista comida neozelandesa. Em toda esquina você encontra coisas escritas em idiomas que para mim são impossíveis de ler. E o idioma que você menos escuta nas ruas é o inglês.

Foto do meu primeiro dia no centro de Auckland

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