Diário de viagem - Me aventurando pela Nova Zelândia

Auckland, 06 de Novembro de 2019.

19:20 horas

Finalmente troquei o horário do meu computador, acho que isso vai me deixar um pouco menos confusa.

Perdi meu passaporte. Estou devastada. Eu tinha muito amor por aquele passaporte, sério. Eu nunca tinha perdido um passaporte antes na vida, com todas as viagens que eu já fiz. Eu não gosto de carregar ele por aí, mas as pessoas insistiram que eu precisava ter uma documentação e tal e lá fui eu por aí com ele. Perdi. Não foi só porque estava carregando ele para todos os lugares, foi também porque a minha cabeça não está funcionando bem, estão sendo dias bem estressantes. Procurar apartamento para alugar é um saco em qualquer lugar do mundo.  Eu me desesperei já, chorei a perda, tive esperancas, procurei pela cidade, liguei para a polícia, nada de encontrar. Já me contentei com o fato de que não vou mais ver todos os meus carimbinhos e já entrei em contato com a embaixada brasileira para tentar resolver o problema.

Essa semana tínhamos planejado resolver a questão da nossa moradia aqui. Pegamos um Airbnb até sexta-feira e pensamos em aproveitar o começo da semana para buscar um apartamento juntos, já que o Nebojsa teria uns dias de folga. Acabou sendo um pouco estressante assim mesmo porque ficamos com medo de não conseguir um lugar para onde poderíamos nos mudar já na sexta. E pagar mais por Airbnb seria um suicídio financeiro. Aluguel temporário aqui nessa cidade pode ser absurdamente caro.

No domingo fizemos a mudança desde o apartamente em que estávamos para o Airbnb. Segunda-feira passamos o dia procurando apartamento. Acordamos, comemos algo e começamos olhando as opções na internet. Pelo que pudemos entender as coisas funcionam assim: O melhor site para ver o que tem disponível é o trademe.co.nz. Além dele, existe o realstate.co.nz que não usamos muito e os grupos no Facebook onde as pessoas anunciam lugares para alugar também. Tentamos ir direto a agências também, mas me pareceu não valer a pena porque muitas vezes eles vão apenas fazer a mesma pesquisa que você poderia fazer em casa e te dar as mesmas informações que você encontraria na internet. Depois que você encontra apartamentos que sejam do seu interesse você precisa marcar um horário com um corretor para ir visitar o apartamento. Caso você goste do apartamento - e não dá para saber pelas fotos porque a maioria não parece nada com as fotos - você precisa se inscrever pedindo para alugar o lugar. Nesse momento você responde um monte de perguntas e manda um monte de documentos para provar que eles podem alugar para você sem se preocupar. Normalmente em não mais de um dia eles te mandam a resposta, você paga uma espécie de caução e assina o contrato. Parece simples não é? Mas não é.

Passamos a tarde andando pela cidade vendo vários apartamentos. Não encontramos nenhum apartamento que nos fez pensar "É isso!", estou achando que vamos ter que nos contentar com a menos pior das opções. Existem muitos fatores que dificultam a nossa busca. Claro que o mais importante é a falta de dinheiro, se fôssemos ricos com certeza arrumaríamos um lugar perfeito em um piscar de olhos. Mas eu vivo as minhas experiências pelo mundo como uma pessoa pobre. Eu viajo para outros países para passar os perrengues de uma pessoa que nem tem dinheiro para estar alí. Acho que eu nasci para isso, vou fazer o que? Bem vindo ao meu mundo. Enfim, não é fácil encontrar um apartamento que possamos pagar em Auckland que não seja uma bosta. É isso. Tem muitos prédios antigos com apartamentos minúsculos e mal cuidados. Para deixar tudo mais difícil, estamos procurando no centro, com uma localização boa e onde não tenhamos que assinar um contrato que nos prenda por um ano. A gente joga nível hard mesmo. Parece que todo mundo aqui quer assinar um contrato de 12 meses e o ideal para nós seria um contrato flexível, o que parecia quase impossível. Hoje eu descobri porque os proprietários preferem contratos longos. Aparentemente eles precisam pagar uma taxa toda vez que alguém novo se muda para o apartamento deles, então se eles alugam para três pessoas diferentes naquele mesmo ano terão que pagar a tal da taxa três vezes. Mas outra coisa que eu descobri hoje também é que eles vão te dizer que o contrato mínimo é de um ano ou seis meses, mas se você mandar o pedido para alugar o apartamento pedindo por um contrato de 3 meses eles te dão. Afinal, melhor alugar o lugar por três meses do que deixar ele vazio, não é mesmo? E acho que nesse período do ano o mercado não está muito aquecido, uma das agentes nos contou que é mais fácil para eles alugar os apartamentos no início do ano quando os estudantes estão chegando para a universidade. A verdade é que você vai aprendendo no processo e se não estivéssemos com tanta pressa de conseguir um lugar logo talvez pegássemos todas as manhas e acharíamos o lugar perfeito com o contrato que a gente quisesse. Mas estamos de saco cheio e resolvemos pegar um dos lugares imperfeitos mesmo, são só três meses afinal.

É claro que de todos os apartamentos que nós visitamos eu gostei mais do mais caro. Ficamos na dúvida se valeria a pena pagar mais por ele porque ele também não era perfeito. A localização nos deixou em dúvida em relação ao barulho durante a noite já que ele ficava em frente a um cruzamento onde passam muitos carros. Esse era mais espaçoso e um pouco mais novo, ou melhor cuidado. Era uma construção em um estilo mais industrial que eu achei super interessante, mas que não convenceu o Nebojsa. O que ganhou ele nesse apartamento foi um poster do Led Zeppelin que tinha pendurado na sala. Outro plus para mim é que esse apartamento fica em um prédio rosa choque, juro.

O apartamento que acabamos escolhendo foi um dos mais baratos que escolhemos e não era um dos piores. A localização é boa, bem central e ainda assim em uma rua tranquila. Tem uma sacadinha com vista para o parque e um piso de madeira mais interessante. Só que é bem pequeno, o que salva um pouco é que o quarto é separado da mini sala/cozinha. Ele é mais velhinho e vai precisar de um pouco de amor para que possamos nos sentir em casa, mas acho que a gente consegue resolver isso.

Acho que a vida pode comecar a se organizar um pouquinho agora. Daí quando estiver começando a entrar no ritmo a gente vai e se muda de novo. É que a gente gosta de sofrer.

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