The beauty of loneliness
Há uma beleza intensa no mundo. Tão grande quanto a que possuímos dentro de nós mesmos.
Sentada na cama da minha irmã tenho a visão de um pequeno pedaço do meu quarto... vejo a porta aberta, um pedaço do armário branco novo, um fragmento do piso de madeira e dois gatos brincando... por um momento é a cena mais bonita que já vi na vida, no momento seguinte ela pode ser substituída por uma ainda mais bonita e isso acontece sucessivamente quando estou só imersa em um mundinho que é só meu, tendo a possibilidade de olhar para o mundo com um olhar muito particular. Imaginei se eu tivesse comigo uma pessoa especial para partilhar o momento. Eu diria para ela: "Olha que cena mais linda!", mas ela provavelmente não veria o que eu quero... ela não gastou um tempo da vida dela atrás do tal armário, não se encantou com o piso quando resolveu alugar esse apartamento e não é completamente apaixonada por um gatinho preto e uma gatinha branca... esse tipo de beleza só pode ser compreendida pela pessoa só, é uma experiência muito individual. E, talvez, o fato da pessoa não entender a beleza que você vê naquele cantinho da sua casa faça você duvidar que ela de fato exista. Estar só proporciona a oportunidade de enxergar um pouco mais de nós mesmos no mundo que nos envolve.
Muito lindo! Lindo, lindo, lindo.
ResponderExcluirTu és linda!
Me lembra Clarisse Lispector.
Beijo!
Mônica.
é por causa de belezas assim que gosto muito do tempo presente, dos eventos cotidianos... da vida, enfim.
ResponderExcluirpara mim, ficou muito claro que a "cena mais bonita que você já viu na vida" teve tudo a ver com a história do armário novo. tive um estalo desses outro dia, veja só: depois de terminar a limpeza dos armários do apartamento novo, desliguei a luz e me sentei no chão. a única luz que entrava e iluminava o chão era a luz da noite.
mesmo sendo um ser incorrigível das manhãzinhas, para mim aquela luz tímida foi também a cena mais bonita que eu já havia visto na vida, diante da qual só consegui dar um sorrisinho leve, como quem admitia a intensidade daquela beleza.