Ele, tu, eu

Ele percebeu que podia respirar. Mais que isso, que respirava sem nem perceber que o estava fazendo.
Encheu os pulmões de ar, sentindo esticar seus tecidos.
Sorveu aquilo pela boca, e percebeu o gosto doce. Doce ar de outono...
Lembrou daqueles dias... tinha certeza que não mais voltariam. Não acreditava que não havia possibilidade de tudo acontecer de novo, mas sabia que não queria. Nem nunca mais iria querer.
Mesmo assim sentia um  aperto no peito sempre que aqueles pensamentos lhe cruzavam a mente.
Que mundo engraçado. Que maneira estranha de se viver a vida... não conhecia outra... ainda não.
Passava noites acordado procurando uma explicação convincente para tudo aquilo, mesmo sabendo que ela nunca chegaria... Pode até ser que a explicação existisse, mas ele nunca se daria por convencido...

Pegou mais um cigarro e acendeu. Ele detestava aquela fumaça..
Que maneira estranha de viver a vida. Que mundo engraçado.
Ria de si mesmo um sorriso amargo. E lhe doía o estomago.
Queria sambar, mas não sabia. Queria cantar e lhe faltava voz.

Anteontem o vi pelas ruas. Descalço e sem calça.

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