Pode ser tudo mentira, mas e se não for?

Soube que chovia lá fora pelo barulho que faziam as gotas quando batiam no seu telhado. Gotas grossas que escorriam e pingavam da calha de cima no telhado em baixo da sua janela. Aquele telhadinho gostoso onde podia deitar pra olhar a lua, e onde gostava de se esconder pra chorar baixinho.... ou pra chorar horrores. Mas naquele dia chovia e não se podia deitar no telhadinho. Estava deitada na cama de olhos fechados, mas sem dormir. Pensava em todas as coisas que não queria mais, será? E hesitação acontece em todos os momentos... quem pode imaginar como se vai estar daqui há uns poucos anos? Pensava também no que ainda queria alcançar, e, nesse momento, não pensava em nada.
Viver vendo a vida como uma página em branco em que se rabisca a esmo sem tempo ou saco para planejar pintar uma obra de arte. É escrever algo sem pensar, jogar as palavras no papel e não voltar atrás para reler e ver se faz sentido... só depois de uns anos... e aí se vê quanta porcaria já se fez... mas se surpreende com umas coisas tão boas que nem poderia imaginar, e essas coisas boas que alimentam a vontade de continuar. E pensar que faria tudo de novo e que faria tudo diferente também.

Bernadete adorava as broas de milho da padaria da esquina. E Josias Silveira, que trabalhava na padaria da esquina, adorava Bernadete. Queria poder convidá-la para jantar em algum daqueles restaurantes chiques que se via nos filmes. Mal sabia que tudo com o que ela sonhava era passar uma noite gostosa vendo as estrelas e comendo uma boa broa de milho da padaria da esquina.

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