Diário de Viagem - Morando na Itália

03/06/2013 - 22:32 - Siena, Itália

A gente sempre quer tudo. Dormir o máximo que der e aproveitar da melhor maneira o dia. O frio para ver filme debaixo da coberta e o calor para colocar roupas curtas e sair por aí. Comer tudo o que se quer e ser magro e sensual. Estar em Siena para o Palio e viajar para Budapeste. Ir nas festas da Itália e do Brasil. Namorar o Antônio e o Alfredo - e poder sair com o Aroldo. Dançar ballet e jogar capoeira. Estudar, estagiar e viver. Comer de maneira saudável com praticidade. Comer chocolate e não ter espinhas. Cantar bem, tocar violão e bateria - ao mesmo tempo. Viajar o mundo e salvar as criancinhas que sofrem na pobreza. Adotar todos os gatinhos e cachorrinhos de rua, e ter uma casa sempre limpa. Reformar o nosso país. Mudar o nosso mundo. Sair para beber com os amigos. Gastar dinheiro com besteiras, comprar sapatos. Viver intensamente, com segurança. Ser feliz. Fazer todo mundo feliz. Conhecer o universo, sem sair de dentro da nossa cabeça.

Hoje eu saí para comprar um biquíni e comprei um short e uma blusa. 

Sascha e eu combinamos de nos encontrar às 10:30 em frente ao Nannini para irmos juntas comprar livros para a faculdade. Combinamos de ir juntas e combinamos 10:30, entre outros motivos, para nos obrigar a levantar da cama não tão tarde - hoje só tínhamos aula da matéria que fazemos juntas e era às 16:30. Eu me atrasei e nos encontramos depois das onze, mas nos encontramos. Meu livro chegou na livraria e eu deveria ter ido buscá-lo de tarde, mas esqueci. A Sascha não encontrou nenhuma livraria que tinha o livro que ela precisa e disse que vai tentar pedir pela internet. Tomamos um café com um doce ( que tá no preço do café xP ). Fomos na copisteria porque ela queria imprimir algo que precisa ler e depois fomos procurar um biquíni pra mim. O que acontece é que nessa quinta feira tem a Festa nelle Terme - uma festa que vai acontecer dentro de uma termas ( tipo aquela que eu fui no começo do intercâmbio e está descrita muitas postagens atrás ) - e meus biquínis são muitos pequenos e não estou em posição de exibir banhas por aí, então fui atrás de um biquíni europeu para esconder pelo menos uma parte do meu bumbumzinho. Entramos em todas as lojas do centro da cidade que vendem biquínis e vimos todo o tipo de traje de banho - menos um tão pequeno quanto o que eu trouxe do Brasil. No fim das contas eu resolvi comprar na primeira loja que vimos e voltamos nela. Eu fui experimentar e tive um choque ao ver a quantidade de celulites acumulada nas minhas coxas... nunca estive em uma situação assim crítica e percebi, talvez pela primeira vez, o que a vida italiana que eu resolvi levar faz comigo. Eu não tenho espelho de corpo inteiro em casa, por isso não costumo ver o meu derrière daquele ângulo, e foi uma visão muito triste. Resolvi que não importa o tamanho do biquíni que não vai dar jeito, preciso ir para a festa de roupa de mergulho. Lógico que além de tudo eu pensei, "Maldita genética!", porque não estou comendo tão diferente assim de outras pessoas que não tem essa quantidade de celulite! Eu já tinha me conformado em ser gordinha, não acho que seja um problema e já tinha decidido que no Brasil eu iria emagracer e tal, mas celulite não consigo tolerar, além de ser muito feio sei que vou ter uma dificuldade monstra para fazer ir embora. É impressionante ver todas as mudanças que sofre o nosso corpo quando mudamos muito nosso dia a dia... primeiro meu cabelo tava horrível, depois minha pele, agora essas celulites... além dos shorts que estão todos apertados. Eu estou convencida de que ultrapassei os 50 quilos pela primeira vez na vida, ainda preciso juntar coragem para me pesar. Parando de me lamentar e voltando para o início desse tópico, eu não comprei biquíni nenhum porque fiquei em dúvida sobre a cor, mas comprei uma blusinha pela qual me apaixonei e um shortinho que vai super bem com ela - ambos que devo usar só quando voltar para o Brasil, porque nesse frio ninguém sobrevive.

UM PEDACINHO DE ROMA

Existe um bairro em Roma que se chama Trastevere e que eu sempre chamava de Travestere - algum trauma de infância ligado a um travesti. Nesse bairro estão concentrados os barzinhos e podemos encontrar cerveja barata. Foi lá também que conseguimos comer bem pagando pouco. É um bairro muito bonitinho e para chegar nele indo do centro é necessário atravessar a ponte por cima do rio Tevere ( Tibre ). Nesse bairro que tinha o bar basileiro que eu não gostei muito e foi nesse bairro que saímos junto com o pessoal que conhecemos no albergue - inclusive com um argentino que tomou um absinto estragado no albergue antes de ir para a rua e deu PT tendo que ser carregado até a cama pelos "4 homens e um diplomata", como disse nosso amigo Fernando naquela noite. Na verdade fomos com esse grupo para o Trastevere duas noites e em uma delas estávamos esperando o ônibus para ir embora e ele chegou exatamente na hora em que prometia o quadro de horários que fica pendurado no ponto - o que é uma coisa impressionante para um ônibus italiano.
Outro bairro de barzinhos é o San Lorenzo. Esse é o bairro universitário mais frequentado por italianos. Não é tão bonitinho e fica em uma parte mais sombria da cidade. Mas existe todo tipo de lugar para ir. Entramos em um onde uma banda tocava rock in roll, depois em um que tocava reggae, passamos por um lugar que oferecia aulas de samba e capoeira e acabamos em um onde estava tendo um show em tributo ao cantor italiano doas anos 70/80 Rino Gaetano. Na realidade não pensávamos em entrar, porque já passava da uma da manhã, o show não iria durar mais tanto tempo, custava 6 euros a entrada e nós pretendíamos ir embora cedo. Mas o proprietário estava na porta, perguntou de onde éramos e nos disse para entrar de graça para conhecer o estabelecimento. Foi muito legal, o show estava muito bom, apesar de termos pego só o final, e depois o DJ começou a tocar músicas que eu escutava nas festinhas americanas - em que as meninas levavam cheetos e os meninos refrigerante - de quando eu tinha 13 anos. Nesse bairro também tem uns sujeitos que se aproximam de você perguntando se você quer comprar erva, eu respondi meio que automáticamente 'não, obrigada.', mas depois fiquei curiosa para saber o preço, só porque sou curiosa mesmo. No fim da noite, quando estávamos já voltando para o albergue - que não era muito tarde, talvez umas 3 -, eu estava com fome e sabia que não teria nada para comer quando chegasse, encontramos um lugar que vendia uma espécie de pão doce no qual você podia colocar um recheio à escolha ( kinder, nutella, baci, chocolate... ) que era sensacional! Tentei convencer os meninos de voltar lá antes de ir embora de Roma, mas não rolou. =(
Eu acho que dá pra comprar o Trastevere assim com o Saco de São Francisco em Niterói - talvez não em relação aos preços - e San Lourenzo com a Cantareira. Se quisermos fazer uma comparação com os lugares de sair em Niterói... Mas é uma comparação bem forçadinha. xD

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