Esperando a lua cheia

Ele surgia na última noite de lua cheia. Fazia questão de ficar até o raiar do dia, só para criar aquela esperança de que poderia durar não para sempre, mas tempo suficiente para deixar-se ver além da superfície. Nunca acontecia, ele desaparecia e tudo era como se nada tivesse acontecido. Restavam lembranças muito frescas e muito fracas para servirem de testemunho de que havia acontecido ali algo de real. Não podia ter certeza de que não se tratava de fruto da sua imaginação. Afinal, quem era aquele? E por que lhe fazia falta? 
Não era à toa que a lua cheia a enchia de vontades, de pensamentos, de uma certa melancolia nostálgica. Não precisava olhar para o céu para saber em que fase a lua estava, sentia como se tivesse o satélite dentro de si, e ele era o responsável. Ela estava condicionada a passar por aqueles dias de uma semi-realidade inebriante e perturbadora. Ansiava por aquele momento com a mesma força que o tentava esquecer por completo. 

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