Diário de viagem - Auckland no Rio de Janeiro

Niterói, 29 de Novembro de 2019.

18:59 horas

Acabei de tomar café da manhã. Meu corpo pensa que são onze da manhã. Nesses momentos que você entende que você não controla o seu corpo mais do que ele controla você.

Sim, estou no Rio, cheguei aqui domingo de noite. Não foi nada planejado, tudo aconteceu muito subitamente. Eu não vou dar detalhes, até porque ainda estou no meio da situação toda e acho que não tenho perspectiva para entender e muito menos explicar tudo o que está acontecendo. Vou me limitar a dizer que esses últimos meses foram uma loucura que acabou culminando nas experiências que tive na Nova Zelândia, incluindo perder o passaporte, a confusão das passagens e do visto para a Austrália e tudo o mais. E foi o ponto culminante de uma crise no meu relacionamento que me fez voltar ao Brasil de maneira súbita. Como eu já disse, não vou dar detalhes e não vou falar muito sobre o acontecido. Mas eu quero comentar algumas das situações pelas quais passei nos últimos dias e quero compartilhar algumas coisas que escrevi nesse tempo. Vou fazer isso ao longo dos próximos dias.

Sobre a situação da qual decidi me afastar ao voltar ao Brasil eu escrevi o seguinte:

É engraçado que eu olho pela janela agora e penso que a vista desde aqui é uma pintura da minha situação atual. Vejo sol e céu azul lá fora, muito convidativo, me faz sentir que estou perdendo algo por estar protegida aqui dentro. Me faz pensar que estou errada por não ir lá fora para aproveitar tudo de bom que esse dia tem a oferecer. Me faz. ainda, pensar que poderia sair para aproveitar esse sol sem a proteção de uma jaqueta. Imagina, com esse sol tão lindo! Mas quando saio o vento me pega,  me machuca e me deixa com frio. O vento que é invisível. O vento que daqui de dentro de onde estou, a olhar o dia lá fora, pode ser imperceptivel. Mas ele está lá. E um dia que parece tão lindo e confortavel se torna uma tortura. Algo frio, agressivo e desagradável. Algo que machuca. O vento dá sinais de estar ali, ele balança a copa das árvores. Mas é preciso tirar o foco da beleza dos raios do sol tocando a grama para conseguir perceber isso. Também é preciso usar as experiências passadas para aprender a não confiar nas aparências de um dia ensolarado, se jogar no mundo sem jaqueta e morrer de frio.

Continuo os relatos em um próximo post.

Comentários

  1. Aaaaahhhh, já vivi isso. Essa ilusão, esse desejo de que aquele estilo que brilha lá fora vai me aquecer a alma.
    E me joguei, como vc disse, sem jaqueta.
    E as rajadas invisíveis de um vento antártico pareciam que cravadas na carne.
    Mas não morri! E descobri que, na verdade, esse vento, esse frio, não é capaz de nós matar. Somos sobreviventes!
    O corpo se adapta, a mente se adapta, o coração e a alma se adaptam. É questão de tempo, de olhar pra dentro.
    De deixar o coração voltar bater no próprio ritmo.
    É tempo para descobrir o sol dentro de você, que te aquecer de dentro pra fora, onde o vento frio não alcança; e deixar fluir o valor que aquecer seu mundo, e a luz que te ilumina por dentro, mesmo em dias frios e nublados.
    E acredite, esse sol existe!!!! Te amo ❤️

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  2. Corrigindo: "o CALOR que aquecer seu mundo"

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