Diário de viagem - Me aventurando na Nova Zelândia

Auckland, 15 de Novembro de 2019.

17:31 horas

Aqui, sentada na cadeira giratória, em frente à escrivaninha, saboreando lentamente uma mordida do chocolate com amêndoas tostadas que DEUS AMADO QUE DELÍCIA. Primeiro você tem que sentir o aroma, se você não cheira o chocolate antes de comer ele você não tá comendo chocolate direito. Aprecia as notas adocicadas, as notas ácidas, aqui no caso as notas amendoadas do aroma. Com os olhos fechados faz mais efeito. Depois sim dá uma mordida, devagar, para que a pressa? Tem que conseguir equilibrar mordidas com pausas que permitam que algumas partes derretam na língua. Os olhos fechados aqui também são recomendados. Respirar é importante para conseguir sentir toda a complexidade do sabor do chocolate. Nada melhor do que tirar um momento para apreciar a cremosidade do chocolate em contraste com a crocância das amêndoas tostadas. Sentir o prazer que se origina naquele espaço entre a boca e o nariz e se espalha lentamente pelo corpo. Assim que me preparei para escrever aqui hoje. 

Hoje faz duas semanas e três dias que eu cheguei aqui. Só ontem que eu caminhei pelo centro até chegar no pier, onde se pode ver o mar. É o mar? Não tenho certeza. Acho que é uma baía. A água é tão verde que parece de mentira. Não é transparente, é bem turva, mas por algum motivo me fez pensar em uma grande piscina. Olha ela ali embaixo.

Vista do pier de Auckland

Eu não tinha certeza se poderia caminhar aqui no centro até encontrar a água. Isso porque por uma boa parte tudo o que você encontra andando nessa direção é obra. Mata um pouco a vibe do lugar, sabe? Tem vários restaurantes e bares e com a vista da baía poderia ser um lugar muito agradável, mas muita obra tira o charme da coisa. Hoje eu me dei conta em quantas coisas estão em construção por aqui, me fez pensar em Oslo, eu tinha a mesma sensação lá, que era uma cidade em construção pela quantidade de obras e prédios por serem terminados por toda a cidade. Existem outras semelhanças entre Auckland e Oslo. As duas são cidades bem modernas, muito contrastantes com as cidades antigas na Europa, por exemplo, onde você caminha pela história sempre rodeado de arquitetura clássica. Eu pessoalmente acho meio chato caminhar por cidades modernas como Oslo e Auckland, não tem muito charme para mim. Outra semelhança é que são duas cidades grandes bem pequenas, pelo menos no olhar de uma pessoa acostumada com proporções de Rio de Janeiro e São Paulo. São, como eu já disse, cidades em construção, pela quantidade de obras. E o clima é bem parecido também, agora no verão. Digo, o verão aqui em Auckland é bem parecido com o verão em Oslo. Temperaturas que varias entre 15 e 25 graus, calor no sol, frio na sombra, vento gelado e noites frias. As duas cidades no verão pedem que você saia de manguinhas curtas, mas leve consigo uma jacketinha, à prova de vento de preferência. Ah! Outra semelhança, as duas cidades são muito cosmopolitas, multietnicas e multiculturais, tem muitos imigrantes e muitos descendentes de imigrantes, bastante mistura. 

Hoje eu fiz a minha carteirinha da biblioteca. Eu amo ir na biblioteca. Olha, é outra semelhança entre Auckland e Oslo, a biblioteca funciona praticamente igual. Tenho um perfil no site onde posso pesquisar e descobrir se eles tem o livro que eu quero, posso reservar e ter ele pronto para eu ir buscar. Posso ficar com o livro por quatro semanas e, se ninguem reservar, posso estender esse prazo pela internet mesmo. É muito prático. Talvez uma diferença possa ser que na Noruega os títulos em inglês eram mais limitados e eu não tenho capacidade de ler um livro em norueguês. E acabei de lembrar de outra semelhança, as duas cidades são cheias de ladeiras. Eu não tinha feito a minha carteirinha da biblioteca antes porque quando fui lá perguntar como que fazia, acho que no meu segundo dia aqui, me disseram que eu precisaria de comprovante de residência, e eu não tinha nenhum. Hoje eu fui lá com a esperança de que o contrato do apartamento que tenho no meu email fosse o suficiente e acabei descobrindo que eu não precisava de nada na verdade, poderia ter feito antes. Pode ser também que tenha acabado adiando porque a entrada da biblioteca aqui no centro não é muito convidativa. Está em obras, para variar as coisas, e normalmente tem umas pessoas usando drogas ali mesmo bem do lado da porta, não é bonito de se ver. Mas hoje olhei melhor por dentro e parece bem legal, outro dia vou lá explorar com mais calma.

Fomos visitar a galeria de arte de Auckland hoje também, porque descobri que poderia entrar de graça apresentando a minha nova carteirinha da biblioteca. Como fomos um pouco tarde, começou a fechar e tivemos que sair sem ver tudo. Mas sabendo agora como funciona e não tendo que pagar nada posso voltar lá com mais calma. Tem bastante arte Maori e também coisas mais neozelandesas, se posso chamar assim, além de umas coisas meio mistas. Tenho que tentar descobrir se podemos entrar de graça no museu aqui também. Na galeria moradores entram de graça, eu achei que teria que pagar, porque oficialmente estou no país como turista. Só que como tenho uma moradia posso passar como residente e entrar sem pagar. Turistas, ou não residentes, pagam 20 dólares para entrar, o que dá uns 50 reais.

A moça da biblioteca, que fez a minha carteirinha, foi super simpática. Eu acho que essa é uma coisa que eu poderia colocar como diferença entre aqui e a Noruega é que eu acho as pessoas aqui muita mais gente boa do que lá. Um dos motivos para isso pode ser também a diferença do idioma, não só porque eu não falo norueguês tão bem, mas porque eu acho os idiomas nórdicos muito duros. Eles nem tem uma palavra que se traduza perfeitamente como o nosso corriqueiro "por favor". Mas todo mundo aqui costuma ser muito legal, inclusive nos atendimentos ao consumidor por telefone, me fez pensar que tenho que contar sobre as minhas experiências com atendimentos por telefone aqui, porque foram muitas. Mas enfim, isso fica para uma próxima vez. Voltando para a moça da biblioteca. Depois de me dizer que eu não precisava do comprovante de residência ela me disse que a minha primeira tarefa era escolher que carteirinha eu queria. Eles tinham uma com um pássaro, uma com um tubarão, uma com um inseto e uma com um monstro maori. Imagino que todos típicos daqui, mas não lembro o nome de nenhum. Eu falei para ela que essa era uma tarefa realmente muito difícil e ela concordou. Depois de um tempo considerando as minhas opções eu informei a ela que sentia que deveria escolher a carteirinha com o monstro e ela achou uma boa escolha. Depois disso foi só preencher os meus dados no sistema e voilà. 

Minha carteirinha com o monstro maori

Eu vou parando por aqui hoje porque estou cansada e não quero que você se canse lendo também. Um beijinho no coração!


Comentários

  1. Eu também escolheria o monstrinho!
    Com livros e chocolate as coisas vão ficando mais quentinhas! 😍

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  2. Meu amor, desejo a vc muito chocolate, muitos livros e muito amor com seu amor. O resto se resolve com o tempo. Luv u

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  3. Acertei! Pensei ela escolheu o monstro!
    Eu também escolheria!😄😄😄😄

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