Diário de viagem - Me aventurando na Nova Zelândia

Auckland, 07 de Novembro de 2019.

19:17 horas

Olá, você. Como vai? Se sentindo meio para baixo? Sabe que aqui em Auckland dá para usar a tecnica que usa o Po, de Kung Fu Panda, quando ele está para baixo. Você pode se encher de dumplings. Não tem como não se sentir melhor depois de comer um monte de dumplings quentinhos e fofinhos e saborosos. Eu ainda comi dumplings do jeito ocidental de comer bolinhos, com as mãos, e tive que lamber os meus dedos depois. Tão bom.

Ontem eu estava contando sobre a saga dos apartamentos e a verdade é que não contei nem a metade. Não acho que preciso contar tudo nem dar todos os detalhes chatos, mas tem uma situação que precisa ser compartilhada sim. No dia do meu aniversário na Nova Zelândia... E eu ainda vou voltar nessa história de aniversário porque foi uma experiência única passar esse aniversário aqui... Enfim, no dia 31 de outubro aqui para mim, encontramos em um grupo no Facebook uma casa para alugar que parecia ser um ótimo negócio. Rapidamente enviei uma mensagem perguntando mais detalhes e pedindo para visitar o lugar. Consegui marcar para ir ver a tal casa para o mesmo dia às 19:30. O local não era pelo centro, ficava mesmo bem para dentro de um bairro mais ao redor chamado Ponsoby. É um bairro mais residencial e com mais cara de subúrbio. Até possui uma área mais comercial na parte mais próxima ao centro, mas a casa que vimos ficava bem mais afastada. Vi no mapa que levaria uns cinquenta minutos para caminhar até lá desde onde eu estava. Como eu tinha o dia livre fui cedo para ir caminhando devagar. Eu não sei nada por aqui ainda, naquele dia sabia menos do que sei, então menos que nada. O Google maps foi me mostrando o caminho. Fui me afastando cada vez mais e vendo a bateria do meu celular cada vez mais baixa. Quando eu cheguei na frente da tal da casa que deveria visitar e peguei meu telefone para ligar avisando que estava ali, recebi uma mensagem dizendo que a casa havia já sido alugada. Eu fiquei tão chateada de ter andado aquilo tudo a toa e, ainda por cima, estava no meio do nada sem saber voltar e sem bateria suficiente para todo o caminho. Eu estava super cansada na realidade e resolvi que iria tentar pegar um ônibus de volta. Eu andei cinquenta milhões de anos para a criatura me avisar que o local já tinha sido alugado comigo na porta da casa, e eu ainda sofrendo de jet laguia aguda, eu merecia um ônibus para voltar para casa. Eu tinha visto onde ficava o ponto e me dirigi para lá. Eu não sabia nem se poderia pagar o ônibus com dinheiro, nem se eu tinha dinheiro suficiente e o Nebojsa estava trabalhando e não podia me ajudar. Eu olhei no aplicativo Moovit para saber o horário do próximo ônibus que deveria passar e me sentei para esperar. Depois de alguns minutos que eu me toquei que estava sentada no ponto do lado errado da rua para pegar o ônibus no sentido para o qual eu queria ir. Porque essa gente maluca anda do lado errado da rua nesse país! Me levantei e me dirigi para o ponto do outro lado da rua, que ficava mais a frente. Quando faltavam mais ou menos uns cinquenta metros para que eu chegasse no ponto o ônibus veio, fiz sinal para ele e comecei a correr, mas o desgramado do homem não parou para mim. Eu tenho tantas saudades do Brasil nessas horas, com os pilotos de ônibus camarada que param fora do ponto pra gente não perder o busão. Naquele momento eu estava profundamente irritada e cansada e de saco cheio, resolvi usar o restinho da minha bateria para pedir um Uber e fui assim para casa.

Cara, e os desenrolares da perda do passaporte. Eu estou desdocumentada mesmo, não existe um documento temporário para enquanto eu espero pelo passaporte novo. Se alguém pedir meu passaporte, e não sei porque alguém pediria, eu tenho que mostrar o documento de perda que fiz com a polícia. Agora o que acontece é que tenho que enviar todos os documentos necessários para Wellington para a Embaixada do Brasil, pagar uma taxa e esperar em torno de cinco dias para eles me mandarem o novo passaporte. O grande problema aí é que um dos documentos necessários é a minha certidão de nascimento, a mesma para a qual olhei lá no Brasil enquanto fazia as malas e pensei "Será que levo isso?... Não, vai precisar nada...". Agora eu preciso arranjar uma maneira de que alguém me mande uma cópia autenticada desde o Brasil para que eu possa dar início ao processo de emissão do novo passaporte. E o que faz tudo ser mais difícil ainda é que nas horas em que estou aqui tentando resolver tudo as pessoas que poderiam me ajudar no Brasil estão dormindo. Cara, não tem como ficar estressada e perder a cabeça, acho que tudo isso aí está acontecendo para me mostrar como somos reféns do tempo e como temos que só esperar porque a coisas só acontecem quando o rei tempo permite. Já tirei as minhas fotos em formato passaporte porque é basicamente isso que eu posso fazer por enquanto. E a parte mais engraçada para mim é que eu saí a bruaca na foto né, e o cara foi lá e passou um Photoshop gente, me deu pele lisinha de bebê e tirou minhas olheiras, tô passada. Achei ótimo, vai me ajudar a passar uma primeira impressão melhor com meus documentos.

Falando em passaporte eu quero voltar um pouco no passado...

Auckland, 29 de Outubro de 2019.

O avião aterrissou e eu já saí preparada para a parte que costuma ser a mais difícil da viagem, a imigração. Eu já entro no aeroporto esperando que o controle de passaporte apareca de uma vez por todas para que o sofrimento não se prolongue. Afinal de contas é nesse momento que os oficiais de imigração podem dizer para uma pessoa como eu que aparece no país deles sem visto de nada que as 18 horas de viagem foram metade do meu passeio e me mandarem para as 18 horas de viagem de volta para casa. Pelo menos existe a expectativa desse segundo vôo sair de graça. É assim a vida de uma brasileira que resolve viajar por aí. Para muitos países não precisamos fazer um visto de turismo antes de embarcar no avião, mas se ao chegar nas fronteiras do seu destino o oficial de imigração da vez não gostar da sua cara ele tem o poder de te mandar de volta. Então tá aí que você nunca sabe né. Imagino que seja muito incomum que uma pessoa seja mandada de volta assim (com exceção talvez dos EUA porque né, povinho chato), mas tem vezes que eles fazem um monte de pergunta e um terrorzinho psicológico e isso por si só já é muito ruim. Eu sou já traumatizada de tentar entrar em país de branco europeu com essa minha cara de índia árabe e ser tratada como um bicho inferior que ameaça a integridade dos países desenvolvidos. Por isso costumo estar sempre muito preparada, imprimo tudo que é documento que possa mostrar que não pretendo roubar um pedaço do país deles e levar comigo de volta na mala. Mas nas situações em que não tenho um visto aprovado ou um cartão de residência para esfregar na cara da criatura que toma fôlego para me encher de perguntas mostrando que sim, eu tenho direito de estar ali, tem sempre um pouco de incerteza. Vindo para a Nova Zelândia então, e tendo em mente a conexão do país com a Inglaterra (que imagino seja o país mais chato depois dos EUA para brasileiros com cara de índios árabes que querem dar uma visitada casual) eu estava um pouco tensa para encarar o controle de imigração. Além disso, no avião precisei preencher o cartão de entrada que me perguntava se eu tinha certas coisas dentro na minha mala e me ameaçava com uma multa de 400 dólares caso eu desse a resposta errada. Para ser uma pessoa precavida coloquei que sim nas coisas que eu não tinha certeza. Estava carregando produtos animais? Sim, tem uma jaqueta de couro. Tem comida? Sim, uma barra de chocolate. Equipamento de uso ao ar livre? Sim, tenho uma bota de trilha. Desses três, o único que eu sabia que deveria declarar era a bota porque foi usada e eles se preocupam com biocontaminacão. Os dois primeiros eu já sabia que não tinha nada a ver, mas decidi ser literal para me precaver. Quase respondi que "sim, possuo pedacos de madeira", pensando no botão de certas roupas.

Agora, como foi a passagem pela imigração eu conto amanhã, e aproveito para falar sobre as minhas primeiras impressões de Auckland também. Hoje já escrevi muito. Beijos de luz.

Comentários

  1. Mari querida , quando disseste que irias para o mundo e não tinha data de volta ... nunca imaginei que já irias te “desfazer” do teu passaporte brasileiro tão rapidamente...🙄
    Mas isto vai se resolver... até porque tu tens certidão de nascimento e tem quem vai te mandar.
    Em relação à imigração e a declaração de bagagem... eles não imaginam a “arma”que carregas ! Tua língua e tua “caneta” são imensamente mais perigosos e incontroláveis do que qualquer outra contaminação orgânica !
    Te amo
    Segue escrevendo ! Leio cheia de ansiedade.
    Na manhã seguinte do dia de amanhã 😜

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    Respostas
    1. Hahaha, não estava em meus planos me livrar do meu passaporte. A vida que estava me reservando essa surpresa. Já estou resolvendo o problema sim, hoje mesmo devo conseguir enviar todos os documentos pelo correio. Fico muito feliz em saber que você tem lido meus relatos aqui!! Saudades!

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