Antes e depois da quarentena: Os corredores vazios

A cada dia que passa os gatos da região se sentem mais à vontade na área ao redor da piscina. No outro dia tinha uma gata preta e branca meio acocorada em cima da lona azul bebendo água de uma pocinha que se formou ali. Não me pergunte como eu sei se é gata ou gato, só aceite. Hoje de manhã, o gato grande alaranjado, que com certeza se chama Garfield, estava na beirada da piscina com metade do corpo dobrado para dentro, imagino que bebendo água também. Não tem como essa água cheia de cloro fazer bem para esses bichos, minha gente!

Antes do mundo virar de pernas pro ar por conta do troço invisível, sempre que eu passava pelo andar intermediário para mudar de elevador tinha uma moça varrendo o chão. Vamos confiar na minha memória exagerada para deixar a vida mais mágica e ela diz que sim, sempre, a qualquer hora do dia, estava a mesma moça varrendo o chão. Apesar de que isso pode ser uma coisa meio triste de se pensar, obviamente não é verdade dado que a tal moça tem um horário de trabalho que termina, quando ela pode ir para a casa dela ficar com a família e ser feliz. Enfim, muitas das vezes ela estava lá e fazia o meu dia mais alegre quando eu cumprimentava ela, e ela levantava a cabeça para me olhar e sorrir para mim. Novamente devo confessar que não sei o seu nome. Mas a verdade é que tenho trabalhado em me aceitar como eu sou e saber nomes nunca foi o meu forte.

Hoje em dia, nas poucas vezes em que desço pelos elevadores - digo poucas porque, né, FICA EM CASA - os corredores estam vazios. A verdade é que desde o começo deste fuzuê eu não vejo aquela moça. Tem outras moças que ainda vejo por aí limpando o prédio, mesmo que com bem menos frequência do que antes, mas ela eu nunca mais vi. Pode ser coincidência que eu não tenho cruzado com ela no meu caminho, ou talvez ela tenha sido liberada nesse período, talvez eles tenham diminuído a quantidade de funcionários. A verdade é que estou saindo muito pouco de casa para ter uma noção mais completa da situação. Mas no fim o que eu queria dizer aqui é que eu sinto falta da moça que eu não sei o nome que estava a todo momento do dia varrendo o chão do andar intermediário onde troco de elevador.

Comentários

Postagens mais visitadas