Antes e depois da quarentena: O homem que limpa a piscina

Não vejo mais o homem que limpa a piscina.

Nos dias antes disso tudo começar, se eu acordasse cedo, sempre escutava uma conversa animada vinda da área da piscina. Era uma voz forte de homem e uma voz alta de mulher, me sinto envergonhada nesse momento de não saber os nomes por detrás das vozes. Eu certamente já estive na presença desses dois protagonistas das conversas matinais, mas não devo ter dito nada além de "Bom dia! Tudo bem?", com aquele tudo bem que nem espera por uma resposta. Enquanto o homem checava a quantidade de cloro da piscina e esfregava a gordura para fora de suas bordas, a mulher varria a área ao redor. Nunca prestei atenção no conteúdo das conversas, sempre me ative ao som das vozes, por algum motivo aquilo me animava. Era como o som dos pássaros que eu escuto todos os dias, não sei o que estão dizendo, mas me passam uma certa alegria.

Hoje a piscina está coberta com a lona azul. O portãozinho que separa a área molhada da área seca está trancado. No outro dia vi um dos gatos que moram por aqui usar a piscina infantil como caixa de areia, me pareceu que estava fazendo xixi na lona, que é permeável. Fiquei pensando que é melhor que esse cloro mate todos os microorganismos porque não deve ter sido a primeira vez que um desses gatos resolve fazer xixi na piscina.

Agora eu só vejo a moça destrancar os portões para varrer a área em torno na piscina. Sozinha e calada, com luvas e uma máscara de proteção que ela usa no queixo.

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