Diário de uma quarentena solitária

17:30h é a hora mais bonita do dia. É a hora dourada - golden hour. O sol está bem baixo e os seus raios acertam em cheio os troncos das árvores. O mundo parece coberto de pó de pirlimpimpim e eu me sinto dentro de um conto de fadas. As cores são tão bonitas eu preciso parar tudo só para olhar. Me faz sorrir, acalenta o meu peito.

O engraçado é pensar que a hora mais bonita do dia precede a hora mais triste. 18h é o horário da solidão. Os raios dourados do sol deixam esta parte da superfície terrestre e deixam um vazio no mundo com a chegada da noite. Reflete com este o vazio do meu peito e o sorriso vai embora.

Tenho meia hora de contemplação.

Depois me resta fechar os olhos e me esconder dentro da rede, debaixo do cobertor. Fica frio aqui na varanda sem o sol, tem sempre uma brisa. Eu inventei de pendurar a rede aqui nos ganchinhos da tela de proteção. Não engordar se torna então uma questão de vida ou morte. Não sei quanto peso esses ganchinhos aguentam e não é o melhor momento para lidar com uma bunda quebrada.

Hoje fez um dia lindo. Céu completamente azul, nenhuma nuvem ao alcance da minha visão. Sol e calor agradável. Foi perceptível que era um dia de outono e não de verão. Era o dia perfeito para ir à praia. Só que a praia está fechada, está tudo interditado. Será que é possível tomar um banho de mar em algum lugar? Eu acho que não tenho nem o animo de tentar descobrir.

Pude aproveitar o sol pela manhã aqui na minha varanda. Pelo menos eu não vou terminar essa quarentena pálida, eu acho. Se os dias continuarem assim eu mantenho uma corzinha. Mas o dia foi bem arrastado, eu dormi mal noite passada e passei o dia inteiro com sono.

É isso, o Dali já não aguenta mais ser abraçado a força por mim.

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