O ímã de geladeira

Estávamos visitando a Malu em São Paulo. Devia ser em junho do ano passado, nunca fui muito boa com datas. Era a primeira vez dele na cidade. Eu adorava levá-lo para ver lugares que nunca tinha visto antes, talvez até mais do que ele gostava de conhecer os lugares para onde eu o podia levar. Estávamos caminhando pela Avenida Paulista em um domingo. A Paulista no domingo não tem nada de avenida, vira mesmo uma grande feira ao ar livre, em que qualquer um pode ir e expor a sua arte, o seu produto, a sua demonstração de vontade de viver. Passamos por uma barraquinha que vendia ímãs de geladeira, a Malu e eu paramos para olhar o que tinham a oferecer. Vários deles eram maravilhosos, ele e eu acabamos escolhendo um para dar de presente para a nossa anfitriã. Malu acabou escolhendo um outro para nos dar em troca. O que recebemos dizia “Quem cozinha não lava a louça.”, o que eu achava que refletia bem a gente como casal, já que eu adoro cozinhar e ele sempre disse que gostava de lavar a louça.

O imã ainda está coladinho ali na lateral da geladeira, mas perdeu todo o seu sentido. Se suas palavras fossem ainda verdadeiras, das duas uma: ou eu não comeria ou acabaria soterrada por louça suja. Quem diria que os momentos em que preciso lavar os pratos são os momentos em que mais sinto a falta dele. Eu sempre odiei lavar a louça. Talvez seja por isso mesmo que tenha acreditado por tanto tempo que tinha encontrado o homem ideal. A minha outra metade. Bom, quanto mais louça eu lavo durante essa quarentena, mais eu me convenço de que sou já feita de duas metades.

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