Relatos de uma quarentena em Niterói

10.05.20

Feliz dia das mães para todas as mamães por aí!

O meu dia das mães de hoje foi virtual. Fizemos uma reunião rápida em vídeo chamada com a minha mãe, a minha tia, o meu tio, a minha prima e a minha avó. Minha avó queria um almoço de dia das mães com os filhos dela, mas acho que esse vai ter que ficar para o ano que vem.

Amanheceu um dia de muito sol e eu não consigo acordar tarde em um dia assim. Preciso me levantar para aproveitar as poucas horas em que os raios de luz e calor entram no apartamento. Além do mais, hoje escutei fogos de artifício lá fora desde às sete da manhã. Eu não sei porque os fogos, eu já muito pouco sei do que se passa no mundo lá fora, eu só escuto os barulhos e deixo a minha imaginação brincar de contar uma história.

Acordei com a cabeça cheia, me sentindo pesada. Levantei pronta para ter um dia de mau humor. Aí resolvi fazer uma meditação ao sol para ver no que dava. Eu tenho usado de vez em quando o aplicativo Headspace para meditar. Acho muito engraçado que é muito mais fácil parar para respirar e prestar atenção quando tem uma voz te dizendo o que fazer.

Acabou sendo um dia meio meditativo. Ainda fiz yoga e terminei com dez minutos em Shavasana e mais para o fim do dia fiz uma outra meditação em movimento para experimentar. Quase todo o resto do tempo eu passei lendo um livro chamado "Conselho não se dá" do psicoterapeuta Mark Epstein em que ele faz uma ponte entre o budismo e a psicoterapia ocidental. Estou achando muito interessante e me identificando com várias das reflexões que ele faz ali.

Hoje é normalmente o dia em que eu faço faxina na casa, domingo. Mas hoje eu não estava com vontade e resolvi não fazer nada disso e passar o dia com o livro na cara e só. Tem vezes em que eu me sinto mal por não ser uma pessoa disciplinada e produtiva. Mas sabe que esse livro que estou lendo chama atenção para a maneira com que falamos conosco e as criticas exageradas que nos fazemos e, de acordo com ele, esse tipo de pensamento é provavelmente o tipo que deveria ser analisado por que eu não estou sendo gentil comigo mesma. E porque devo estar sendo exagerada e distorcendo a realidade. Eu me cobro muito às vezes e tudo que isso me faz é me travar em vez de me fazer trabalhar mais ou melhor. Talvez me falte um contentamento produtivo com quem eu sou e como são as coisas.

Eu não sei se eu sou a única, mas eu tenho um pouco de medo de não ser capaz de voltar para a vida real depois que tudo isso passar. Estou há tanto tempo dentro de casa, sem andar pela rua, sem contato com outras pessoas. Eu me preocupo em como vai ser a transição para voltar a viver no mundo lá fora, onde tem gente. Fico pensando se o meu tombo não é aí um predecessor do período conturbado mental e emocional que eu vou ter quando obtiver a minha liberdade de volta.

Ah, nossa. Hoje de manhã tive varias iluminações durante as minhas páginas  matinais. Isso sem dúvidas foi um dos pontos altos do dia, eu me sinto bem quando as pecas se encaixam dentro da minha cabeça. É talvez um dos benefícios do meu exercício de escrita pela manhã. Acordo e escrevo três páginas sobre absolutamente qualquer coisa que passe pela minha cabeça. Tem dias em que escrevo um monte de nada, mas tem dias em que saem umas ideias boas, historias, poesia, um pouquinho de mim.

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