Relatos de uma quarentena em Niterói

14.05.20

Está esfriando. Hoje quase não teve sol, um dia meio cinza com um vento frio entrando pela janela. Tenho deixado as janelas mais fechadas, aqui dentro fica frio com muita facilidade. Não saio de casa desde o dia do meu tombo, só pisei o pé para fora para jogar o lixo. São dias estranhos e cada vez mais estranhos.

No outro dia eu fui perturbar a Bianca e me deu um torcicolo instantâneo super forte. Acho que o meu músculo ali do trapézio resolveu se contrair como nunca havia feito. Me desesperei por um momento, muita dor, não sabia o que fazer. Comecei aplicando uma compressa quente que deu uma aliviada, ou levou a minha atenção da dor para a coisa super quente encostada na minha pele, não sei com certeza, mas senti que ajudou um pouco. Como ainda doía bastante eu resolvi tomar um paracetamol, sabendo que não ia resolver o meu problema, mas esperando que desse pelo menos aquela aliviada psicológica. Acontece que o remédio me deu um sono imenso e eu fui dormir. Eu sou assim fraca para qualquer tipo de substância, não sei se a culpa é deste meu tamanho reduzido. Dormi durante umas três horas assim no meio do dia, nem o TOCTOC da obra conseguiu me tirar daquele estado de sonolência, acho que eu estava precisando descansar um pouco, não tenho dormido muito bem nesses últimos dias. Depois de falar com uns amigos da área da saúde eu resolvi tomar um remédio que tinha aqui que é relaxante muscular para ver se me ajuda a resolver toda essa tensão que se instalou entre o meu pescoço e ombro. Estou tomando o tal do remédio faz dois dias e ele está me deixando bem lerda, acho até que está me deixando um pouco para baixo, aí a minha sensibilidade a substâncias atacando novamente. Vou tomar só até amanhã e espero que eu consiga voltar ao normal.

Um dia desses eu estava pensando sobre tudo o que aconteceu na minha vida nos últimos anos e em como essa situação de agora de estar presa em casa está ampliando certas questões que eu tenho mal resolvidas dentro de mim. Resolvi marcar um horário com uma psicóloga e vou começar a fazer terapia virtual.

E essa tem sido a minha vida emocionante nesses dias de quarentena. Dentro desse mundo atual que eu duvido ser real em alguns momentos eu tenho tentado me manter ativa e ser produtiva, sem ficar paranóica e ansiosa. É uma busca de um balanço necessário para a manutenção de um mínimo de saúde mental. Comecei a ver a série The Good Place no outro dia e estou curtindo; como sempre, tenho que me cuidar para não ficar assistindo e terminar a série em dois dias, porque eu sou assim. Coloquei um franguinho para marinar e devo assar ele amanhã. A gente vai dando mais foco para os pequenos prazeres da vida né, acho que é meio que entrar em modo de sobrevivência. Prestar mais atenção no movimento das folhas lá fora, parar para olhar o brilho da lua, juntar cada pedacinho de coisa boa para provar para a gente mesmo que a vida pode estar um caos, mas que ainda vale a pena.

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