Um visgo tisgo do vigo tigo

Contigo não me visto. Não vejo a saída. Não sei o caminho. Te quero e não te quero deitado aqui comigo. Vontade de sentir as coisas que eu não sinto. Vontade de ser feliz de boba. Feliz à toa num aconchego nos braços quentes e fortes e teus. Vontade de nunca dizer adeus. Fazer de conta que nada mais importa. Nem pão, nem água. Me alimento do teu gozo, me hidrato da tua baba. Me aceito prisioneira dessa cama contigo. Prisão perpétua. Aqui morrerei e aqui vivo. Não há nada lá fora, longe desse retângulo de espuma. Cobertos apenas por retângulos de tecido, e um pelo outro. Sentir o roçar dos pelos do teu corpo. Cheiro de pele macia. Gosto de hálito bom. Eu, você e o colchão. Uma só coisa. Fundidos, fudidos, fulgentes. Te beijo todo, até os dentes. Que são teus dentes. mas são meus dentes e são nossos dentes. Não sei dizer onde começa e onde termina. Começo e fim. Meras ilusões. Não há matéria, não há tempo, há apenas energia. Tempestade e ventania. Sem nenhum movimento de vento. Quero teu colo, o teu acalento. Quero a vida inteira em um único momento. E sentir com o corpo todo o que eu sinto com o coração. Sentir tão intensamente como se tivessem virado a minha pele do avesso. Eu até já te esqueci, mas eu não te esqueço. 

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